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Uma pessoa com uma sensibilidade fora do comum, capaz de transformar pequenos acontecimentos em algo encantador. Esse é o poeta.
Aquele que vê o mundo a sua volta por meio de um olhar diferenciado, traduzindo-o por meio de seus poemas e poesias com versos cheios de musicalidade, sentimentos e, na maioria das vezes, carregados de mensagens que retratam a realidade de um povo. Na mais singela e expressiva descrição, a poesia é uma arte. E se vier em forma de repente, então? É a cultura popular em sua mais genuína representação.
O poeta repentista é um artista que contribui para o fortalecimento da cultura popular através da arte. A magia que está por trás dessa capacidade de enxergar o mundo por meio da poesia ganha contornos subjetivos e difíceis de serem explicados, como aponta o poeta repentista Olavo Lourenço, 47 anos. Ele é natural da cidade de São Vicente do Seridó, localizada no Seridó paraibano, e acredita que a vocação para a poesia é simplesmente um dom.
“O meu dom poético eu acredito muito que eu trouxe de família, uma coisa hereditária”, comentou Olavo. Por se tratar de algo que ele costuma dizer que herdou “de família”, Olavo faz questão de destacar que a principal influência no mundo da poesia é o próprio pai, José Lourenço, que também é repentista.
Um aspecto que chama atenção no trabalho desses dois artistas é a incrível capacidade de improvisação. Os famosos “duelos” entre poetas retratam muito bem esse aspecto. Tal prática, que é originaria da região Nordeste, traz à tona toda a genialidade desses artistas que travam verdadeiras “batalhas de palavras” por meio dos repentes.
O também poeta repentista são-vicentino Antônio Norberto, 50 anos, explica justamente que saber improvisar é essencial para eles. “O poeta que improvisa este sim é um poeta de verdade. Agora tem o poeta que não improvisa, é o poeta escritor, tem as suas grandezas…”, pontuou.
Os poemas elaborados, por meio de improviso ou não, deixam transparecer toda a sensibilidade de quem os produz e são importantes para a cultura popular por criarem uma identificação com o público. “A cultura é linda e muito mais as pessoas que admiram, porque quando as pessoas admiram de verdade elas tornam-se muito mais poetas do que quem canta”, concluiu Antônio Norberto.
Os poetas entrevistados lembram que um dos problemas enfrentados atualmente por eles é a abertura de espaços para suas apresentações. Se manter financeiramente através de sua arte de forma exclusiva é praticamente impossível. Contudo, ainda existem, mesmo que sem muita frequência, as tradicionais cantorias, eventos nos quais poetas repentistas se reúnem para mostrar os seus talentos através de canções, poesias e repentes. As apresentações acontecem, em sua ampla maioria, na zona rural.

Os poetas são-vicentinos Antônio Norberto e Olavo Lourenço
Fotos: Rogério Silva


Fonte : Blog Olhar Comunitario


Por Rogério Silva (repórter) – Eloyna Alves André Almeida (editores)

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