O Coletivo Regional das Organizações da Agricultura Familiar do Cariri, Curimataú e Seridó, Patac e Centrac, (Organizações Não Governamentais) da Articulação do Semiárido na Paraíba (ASA- PB) apresentaram um documento à representante do Ministério da Integração Nacional, Eliane Danilau, pela não implantação de cisternas de plástico no município de Soledade. 
No momento da reunião foi relembrado pelas lideranças, que no dia 24 de maio deste ano, durante uma audiência pública, realizada na Câmara de Vereadores de Soledade, o poder público municipal, mediante a pressão popular,  já tinha se comprometido, a sua negativa  as cisternas de plástico e se empenhado em buscar parcerias com o  Governo do Estado, ou do próprio Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), para a construção das 113 cisternas de placas, que estariam previstas para Soledade, para garantir o acesso das famílias da região ao reservatório. Este posicionamento foi posteriormente endossado pelo Conselho Municipal de Desenvolvimento local Sustentável, que reafirma a não aceitação das cisternas de plástico no município.
Porém, o compromisso do município com os camponeses estava para ser desfeito mediante aapresentação da implantação das cisternas de plástico – polietileno, que acontecia no dia de hoje, em Soledade.
Houve ainda, durante as reflexões sobre o alto valor das cisternas de polietileno,  a não circulação de recursos financeiros no comércio local e o envolvimento das pessoas do lugar nos processos de formação e construção, além dos problemas já preanunciados pela mídia, do ponto de vista de inadequação técnica e possível problema ambiental, causados pelo plástico.
A reflexão também apontou que Soledade foi o berço das cisternas de placas na Paraíba, em 1993, e até hoje, 20 anos depois, não se constata nenhum problema técnico que seja plausível para o abandono desta tecnologia. Foi ainda informado que através do contato feito com o Coordenador do Programa Cisterna da Primeira Água do Governo Federal, se descobriu a existência de um aditivo do convenio 045/12, formalizado dia 31 de novembro do corrente ano com o Governo Estadual, onde Soledade será um dos municípios a ser contemplado com 150 cisternas de placas.
A mobilização popular luta para conseguir barrar as cisternas de polietileno (PVC), que estão previstas para serem construídas no município. As organizações da ASA Paraíba são contrárias à tecnologia em PVC em substituição às cisternas de placas que são implementações  que gera renda no próprio município (materiais de construção, pedreiros) e que melhor se adapta a realidade do semiárido (temperatura da água e fácil manutenção). As famílias agricultoras afirmam que, além de funcionar bem, as cisternas de placas trazem oportunidade de trabalho no campo (ao mesmo tempo em que recebe o equipamento, a família ajuda também a construí-lo), o material é comprado na própria comunidade, aquecendo a economia local. Em contraposição as cisternas de PVC são compradas a uma única empresa e das 300 mil cisternas de PVC disponibilizadas, muitas já começaram a ter problemas técnicos, como rachaduras e derretimento devido às altas temperaturas do semiárido. Além disso, enquanto a cisterna de placa de cimento custa R$ 2.200,00, incluindo material de construção e todo processo de mobilização e formação, uma cisterna de polietileno custa aproximadamente R$ 5.000,00, só com equipamento e instalação.
As cisternas de PVC fazem parte do Programa Água para Todos, do Governo Federal, e estão sendo construídas pelo Ministério da Integração Nacional, por meio do DNOCS. Na Paraíba estava prevista a construção de 4.000 cisternas de polietileno em 10 municípios: Araruna, Areial, Belém do Brejo do Cruz, Cacimba de Dentro, Dona Inêz, Igaracy, Quixabá, São Sebastião de Lagoa de Roça, Lagoa e Soledade.
A Articulação no Semiárido Brasileiro (ASA Brasil) lançou em novembro de 2011 a campanha Cisterna de Plástico/PVC – Somos Contra! em Salvador-BA, durante a IV Conferência Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional. O objetivo da campanha é alertar a sociedade brasileira sobre o impacto e efeitos negativos da disseminação dessas cisternas para o fortalecimento da estratégia de convivência com o Semiárido, no qual as organizações que fazem a ASA têm investido seus esforços nos últimos anos.
O coordenador do Patac, José Valdir de Sousa, afirma que ‘as cisternas de placas além demais baratas estão no semiárido a mais de trinta anos e é uma tecnologia totalmente adaptadas as condições climáticas, testadas e aprovadas pelas famílias camponesas, enquanto a de polietileno é muito recente e tem demonstrado inadequação, pelo dobro do valor, para a mesma capacidade de água, alteração da temperatura da água armazenada, a não democratização do conhecimento e impedimento de renda local, a cisterna de plástico, segundo o coordenador, é um retrocesso, pois remete aos 1.200 a.c, como um ‘presente de grego’, finalizou.
Contatos:
Glória Araújo
Função: Coordenadora da Asa na Paraíba
Contato: (83) 9999 1790/ 8620 5943
Simone Benevides
Função: Comunicadora Popular Asa- Patac
Contato: (83) 8834 5964
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