O Bernoulli foi o terceiro no ano passado e, pelo sétimo ano consecutivo, aparece entre as dez melhores posições do Enem. Para estudar lá, o aluno precisa desembolsar R$ 1.300 de mensalidade. O valor inclui material didático e direito a monitoria, simulados de avaliações e aulas extras específicas por área. Também em curva ascendente no ranking do Enem, o colégio da cidade de Viçosa, na Zona da Mata mineira, já havia sido o primeiro entre os públicos e oitavo geral no último levantamento. Para conseguir uma vaga em uma das duas, é necessário superar rigoroso processo de seleção com provas e avaliação de currículo escolar.
No colégio particular da capital, os alunos estudam com apostilas personalizadas, produzidas por editora própria, a partir de ideias da equipe de professores da instituição, formada por 24 professores para os alunos do terceiro ano. Como forma de expansão dos negócios, a maior parte do material didático elaborado é vendido para aproximadamente 100 escolas do país. Na instituição de Viçosa, 30 professores efetivos e seis substitutos trabalham em dedicação exclusiva para ensinar e tirar dúvidas de 160 alunos, divididos em quatro turmas. Os livros são fornecidos pelo governo federal, dentro do Programa Nacional o Livro Didático.
O salário dos professores das duas redes é discrepante. Enquanto o Coluni paga de R$ 2 mil a R$ 6 mil mensais, nível de professor do magistério superior, o Bernoulli desembolsa, em média, R$ 15 mil. Nem todos docentes têm o mesmo contracheque, que depende da carga horária. Alguns profissionais podem ganhar mais.
Na luta por uma vaga no curso de medicina em Belo Horizonte, São Paulo e Rio, Lyvia Telles, de 17 anos, conta que estuda mais de dez horas por dia. Atualmente, a jovem frequenta um curso pós-Enem, no Bernoulli, voltado para quem vai fazer a segunda etapa em outras instituições de ensino.
— De manhã, estudo no colégio e, à tarde, com ajuda de apostilas e provas antigas, em casa — conta Lyvia.
Para Renata Pena Rodrigues, coordenadora da área de língua portuguesa da escola Coluni, a participação dos alunos é primordial para o sucesso.
— O nosso perfil aqui é de aluno dedicado, comprometido e empenhado com o aprendizado. O Enem é consequência do nosso trabalho como um todo, que envolve competência e disciplina. Nossos professores têm dedicação exclusiva, realizam projetos de pesquisa e, a partir daí, vão refletindo sobre o melhor método de ensino. O grau de comprometimento é tamanho que nem cobramos assiduidade em todas as aulas, mas eles vão assim mesmo — diz a professora.
O diretor de ensino e um dos sócios do Colégio Bernoulli, Rommel Fernandes Domingos, tem a mesma opinião.
— São jovens muito interessados. É comum ver um aluno chamando o outro para estudar. Ser dedicado aqui é normal — diz o diretor, salientando que material didático exclusivo e bem feito, junto com professores qualificados e bem remunerados é o diferencial do colégio.
Para o professor Francisco Soares, do Grupo de Medidas Educacionais da Faculdade de Educação da UFMG, o resultado do ranking confirma o bom momento da educação em Minas. Ele, no entanto, alerta que está na hora de evoluir mais.
— A educação em Minas de fato está na liderança nacional. Já que estamos bem, precisamos mudar de patamar de conhecimento em comparação com o nível europeu — sugere Soares.
O especialista vê com ressalva a metodologia do ranking. Para Soares, a capacidade dos alunos é sub-valorizada, enquanto a escola é exaltada demais:
— Vejo limitações no ranking. É uma visão da realidade, mas não de toda. A boa pontuação é resultado do esforço do aluno ou da escola. Para estudar nessas escolas é exigido um processo de depuração muito grande, todos passam por processos de seleção.
(Esclarecimento: Quando esta reportagem foi publicada, no dia 26 de novembro, o Bernoulli aparecia no topo do ranking das escolas com as melhores médias no Enem 2012. No dia seguinte, porém, o Inep reconsiderou as notas do Colégio Objetivo Integrado, de São Paulo, que, com isso, passou a ocupar o primeiro lugar).
FONTE: O GLOBO
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