O destino das vítimas da seca é o açude
de Baião, no município vininho de São José do Brejo do Cruz. A água do
manancial é dividida com o Exércit, que também está indo buscar água
para absatecimento através de carros pipas. O açude Baião tem
capacidade para armazenar 39 milhões e 226 mil metros cúbicos de água.
Está com 19 milhões e 586 mil metros cúbicos. Ou seja, 49,9% de sua
capacidade.
O veterinário chefe de Defesa
Agropecuária do município de Catolé do Rocha, Ranisran Gomes, informou a
água do rio Piranhas que abastece cidades da região polarizada pelo
município, está com níveis muito baixos e imprópria para o uso. A
estação de tratamento instalada no rio está fazendo o abastecimento
somente da população da zona urbana das cidades.
A situação está levando os agricultores a
resgatar os antigos carros de boi e as latas para carregar água, que
servirá para os animais e para o uso doméstico. Eles alegam que a água
distribuída pelos carros pipas do Exército é insuficiente e chega em
dias alternados.
A situação da falta dágua penaliza
principalmente os rebanhos que estão sendo dizimados. Ranisran Gomes
calculou que estão morrendo cerca de 80 animais por mês por causa da
falta de água e pasto na região de Catolé do Rocha que comprende 19
municípios.
No
município de Itaporanga, no Vale do Piancó, também no Sertão do Estado,
a previsão do secretário de Agricultura do município, Sebastião
Rodrigues, é de que o açude que abastece a cidade, o Cachoeira dos
Alves, que possui capacidade para acumular 10 milhões e 611 mil metros
cúbicos de água, está com 3 milhões 953 mil metros cúbicos. Ou seja, 37 %
da capacidade. Ele calcula que o açude só possa continuar abastecendo a
zona urbana do município até o fim deste ano. “Se não chover para
acumular água no manancial, a cidade de Itaporanga pode sofrer um
colapso no abastecimento já a partir do início do ano que vem”, disse.
Nos 19 municípios que compreendem o Vale
do rio Piancó, já são cerca de 50 mil pessoas, principalmente das zonas
rurais, dependendo do abastecimento feito pelos carros pipas do
Exército. De acordo com o secretário, as necessidades mais urgentes para
os agricultores são distribuição de ração para os rebanhos e a
escavação de poços para garantir água nas comunidades.
De acordo com dados da Agência Estadual
da Águas, quase 70 por cento dos açudes paraibanos monitorados estão com
menos da metade de sua capacidade de armazenamento de água. Mais dois
açudes ficaram abaixo dos 5%, aumentado para sete os mananciais que
estão quase que completamente secos. Dois deles estão com capacidade
chegando a zero.
A situação vem sendo considerada crítica
principalmente naqueles reservatórios com menos de 20% de suas
capacidades. O número de açudes monitorados nessa situação já chega a
28.
Com o prolongamento do período de
estiagem, o percentual de armazenamento continua diminuindo. Açudes como
o de Ouro Velho, no município do mesmo nome (localizado a 259
quilômetros de João Pessoa, na região do Cariri), que estava com 2,9% de
sua capacidade em setembro, diminuiu para 1,7% em outubro, segundo
dados da Aesa. Em Ouro Velho, o abastecimento d’água da população de
cerca de 2,9 mil habitantes está sendo feito através de carros pipas do
Exército.
Dados fornecidos pela Aesa no mês
passado notificavam cerca de 118 mil pessoas dependendo do abastecimento
dágua através de carros pipas somente do Exército.
A situação da escassez de água deve
continuar nos próximos meses. A previsão da meteorologista da Aesa,
Marlene Bandeira, é de que somente em fevereiro devem ocorrer
precipitações de chuvas suficientes para que os mananciais possam
acumular água e aumentar a capacidade de armazenamento.
A previsão feita pela técnica traz outra
preocupação. As chuvas, segundo ela, vão acontecer de fevereiro até
maio e não até junho como acontece normalmente.
Portal Correio
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