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Embora brasileira da gema, ela é cosmopolita e descontraída: atende sem problemas por seu nome em espanhol, Gallina Pintadita, ou em inglês, Lottie Dottie Chicken. Tornou-se uma celebridade: há pouco mais de um mês, cravou a 89ª posição entre as 150 maiores marcas do mundo em licenciamentos, segundo ranking divulgado pela revista Licence! Global. Está à frente de ícones como Sony, Volkswagen e Lamborghini.
Desde seu surgimento, já superou os US$ 300 milhões em produtos vendidos e seus vários canais no site de vídeos YouTube totalizam, somados, 3,3 bilhões de visualizações. Estamos falando, é claro, da Galinha Pintadinha, que se encontra neste momento em meio a seu mais ousado passo: a conquista do mercado mundial de animação infantil.
Tudo começou em 2006, quando o administrador Juliano Prado e o publicitário Marcos Luporini, moradores de Campinas, interior de São Paulo, precisavam mostrar os desenhos animados que faziam a um executivo de uma TV na capital do estado. Não conseguiram viajar para a apresentação, então colocaram uma das animações na internet e pediram a um contato que os representasse. Veio a resposta: “Não foi aprovado, podem tirar o vídeo do YouTube”. Se esqueceram de fazê-lo — e logo descobriram que o desenho havia se tornado um inesperado sucesso; em pouco tempo chegou a 500 mil pageviews. Pais de bebês e de crianças pequenas comentavam que seus filhos adoravam aquela Galinha Pintadinha (foi este o vídeo colocado) e pediam mais animações do tipo. Surpresos, eles se deram conta de que tinham um negócio promissor em mãos.
“Hoje o Marcos já insere algumas composições suas em nossos desenhos. A “Galinha Pintadinha”, porém, é uma canção de domínio público, parte da cultura popular. Nós apenas criamos um vídeo para ela, e a internet deu conta do resto”, explica Prado. A empresa deles, Bromélia Produções, tem 12 colaboradores e faz novos vídeos com a personagem e sua turma — já há 36 desses clipes. Os licenciamentos ficam a cargo de outras companhias. “Geramos conteúdo, esta é nossa tarefa. Temos 60 licenciadas no país. Juntas elas já colocaram na praça mais de 600 itens, só no Brasil”, conta ele. São bichos de pelúcia, jogos, cadernos, roupas etc. Ao menos metade do faturamento vem desses licenciamentos, e parte sai da venda do conteúdo em si.
A personagem conta ainda com aplicativos feitos por uma agência, a Ø1 Digital. “Tirando os jogos, o app da Galinha Pintadinha foi o segundo que mais gerou receita no Brasil em 2014 na loja da Apple. Tem mais de 20 milhões de downloads, em diversas plataformas”, conta Guilherme Coelho, diretor-executivo da agência.
A meta agora é uma só: o mercado internacional. Miguel Moreira, gerente de operações da Bromélia Produções, é quem revela. “Nosso canal em espanhol no YouTube tem mais de 1 bilhão de views, e La Gallina Pintadita já é exibida pelo Netflix latino-americano com enorme sucesso. As crianças dos países latinos e ibéricos são fãs dos personagens”, conta ele. “Vamos iniciar agora a venda de produtos. Nos Estados Unidos, onde atuamos como Lottie Dottie Chicken, estamos começando a distribuição de DVDs de forma digital via iTunes, Google Play, Netflix etc. Montamos recentemente uma loja virtual para a venda nos EUA de DVDs físicos e também pelúcias. Assim como ocorreu na América Latina e Espanha, os brinquedos e outros itens chegarão lá em uma segunda etapa: primeiro o conteú­do começa a ser exibido e depois assinamos os contratos.”
E a Galinha avança: “Acabamos de apresentar a marca na principal feira de licenciamentos do mundo, em Las Vegas. Nosso stand fez muito sucesso”, observa Juliano Prado. E ele arremata: “Vamos levar o personagem para outros territórios. Estamos agora em uma maratona de traduções dos desenhos. Teremos clipes em italiano, francês, alemão e japonês. E também em chinês”. Ideia bem concebida, empresa bem gerida, e alguma ajuda do acaso: eis os ingredientes da mais nova potência global do entretenimento — um império pintadinho.


Forbes 

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