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O sucesso de ‘Os Dez Mandamentos’ não é obra de Deus, nem milagre divino. Quando decidiu contar a saga do profeta Moisés em formato de novela, a direção da Record moveu céus e terra para dar ao projeto ares de superprodução, com direito a contratar o Stargate Studios, de Los Angeles (EUA), para fazer a finalização com computação gráfica de duas cenas: a sétima praga que se abateu sobre o Egito e a abertura do Mar Vermelho.

Os números da trama assinada por Vivian de Oliveira e que tem direção geral de Alexandre Avancini são grandiosos, assim como a audiência que teve média de 14 pontos em junho, tanto no Rio quanto em SP, o que significa uma vice-liderança consolidada, e que alcançou 16 pontos na segunda-feira, 3 de agosto. Só para se ter uma noção, cada capítulo da história que se passa há três mil anos e é contada na Bíblia no livro Êxodo, do Velho Testamento, custa R$ 700 mil.
Em cena, são 80 atores. A cidade cenográfica, que fica em um sítio em Barra de Guaratiba, tem 7.000m² de área construída. “Sem dúvida alguma, essa é a maior produção que eu já comandei. Mas tenho a tranquilidade de trabalhar com a mesma equipe que já tinha feito comigo ‘José do Egito’ (2013). O maior desafio em ‘Os Dez Mandamentos’ foi sair do formato de seriado para o de novela. Agora, o processo é industrial. Temos quatro frentes de gravação, sendo duas externas e duas de estúdios, de segunda a sábado”, conta Avancini, que comanda uma equipe de 450 profissionais.
A rotina do diretor inclui viagens a Los Angeles para acompanhar a finalização das cenas da sétima praga (chuva de granizo e fogo) e da abertura do Mar Vermelho, previamente gravadas em junho nos estúdios do Recnov, na fazenda Lama Preta (em Santa Cruz) e na cidade cenográfica, e que têm previsão de ir ao ar, respectivamente, no meio deste mês e setembro. “Gravamos aqui as explosões, a chuva, a caminhada de Moisés (Guilherme Winter) nas águas, e também fizemos toda a edição artística das cenas. Lá no Stargate Studios, estão sendo inseridos, através de computação gráfica, vários elementos, como a bola de fogo e gelo, além da multiplicação da figuração. Na abertura do Mar Vermelho eram dois milhões de hebreus. Outra dificuldade é finalizar em computação gráfica qualquer imagem com água”, explica Avancini.
A parceria com o estúdio americano se fez necessária, mas não por que o Brasil não tenha equipamentos ou profissionais capacitados para realizar o mesmo trabalho. “A gente tem condições técnicas de fazer isso aqui, tanto é que as outras nove pragas serão totalmente produzidas no Recnov. Mas essas duas cenas especificamente requerem muitas máquinas trabalhando 24 horas por dia para finalizá-las em dois meses. Não temos tanto equipamento aqui para dar conta desse volume de trabalho”, comenta Avancini.
E olha que os computadores do Recnov que ficam à disposição da equipe de efeitos visuais não param. São 29 pessoas na equipe comandada por Gustavo Dominguez se revezando 24 horas por dia. “Uma das dificuldades é que as passagens da Bíblia não têm, obviamente, registros em fotos ou vídeos, então é preciso criatividade e uma interpretação lúdica para reproduzir esses eventos. O nosso trabalho na computação gráfica é transformar em imagem aquilo que é impossível filmar. Para reproduzir a praga da invasão das rãs, por exemplo, tínhamos dez rãs no set que, através do nosso trabalho, se transformarão em milhões”, adianta Dominguez, complementando. “O trabalho é insano, mas o prazer de ver o retorno positivo compensa o esforço.”
Intérprete do profeta Moisés, Guilherme Winter viveu um momento único na sequência em que o Mar Vermelho se abre para a passagem do povo hebreu. “Foi uma experiência incrível, uma energia muito forte, principalmente quando eu estava no alto e as pessoas passavam por mim em direção ao que seria o Mar Vermelho. Foi uma onda. Com certeza, esse momento canalizou uma energia diferente”, afirma.
A tal energia ajudou o ator a se transpor para um lugar em que, definitivamente, ele não estava. “Gravar com chroma key (técnica de efeito visual que consiste em colocar uma imagem sobre uma outra através da anulação de uma cor padrão, como por exemplo, o verde) e imaginar que tem peixe passando, imaginar o vento abrindo o mar, foi uma viagem”, recorda o intérprete de Moisés.
A passagem para essa verdadeira viagem no tempo o público comprou desde 23 de março, quando o primeiro capítulo de ‘Os Dez Mandamentos’. De lá para cá, a lista de passageiros só cresce. O motivo? “A história é famosa e tem um apelo muito forte. Esses dois fatores somados à direção do Avancini e ao texto da Vivian resultam nesse sucesso”, diz Winter.
Apesar do êxito, a produção da Record recebe críticas por se distanciar dos tempos bíblicos em alguns fatores, como o excesso de maquiagem dos atores ou os esmaltes coloridos usados pelas atrizes. Curiosamente, Sérgio Marone, intérprete do antagonista Ramsés, vê nesses elementos uma pista do segredo do sucesso de ‘Os Dez Mandamentos’.
“É novela, o público gosta de ver cor, beleza. Isso faz parte da estrutura do folhetim. Quando não tem que ser absolutamente real, quando se pode criar em cima, é preciso ter essa liberdade poética para deixar o resultado deslumbrante. Tem que ficar bom para os olhos. As pessoas têm que ver e falar: ‘Que coisa linda’. Se os figurinos do Ramsés fossem todos iguais, não teria graça”, acredita o ator que faz o temido faraó e acaba de renovar o seu contrato com a Record pelos próximos três anos.
Já Larissa Maciel, que faz a hebreia Miriã, aponta para outra direção ao tentar entender os motivos que estão levando o público a sentar em frente à TV todas as noites para assistir à novela da Record. “‘Os Dez Mandamentos’ mostra o valor de se sacrificar pelo outro sem querer nada em troca, a família onde os filhos respeitam os pais, a amizade verdadeira, sem interesse. Acho que as pessoas estão gostando de ver essa mensagem na TV”, aposta.
E não há nada tão bom que não possa melhorar. A expectativa é que ‘Os Dez Mandamentos’ chegue ao ápice de audiência a partir da segunda quinzena de agosto quando as pragas vão invadir o Egito, momento bíblico que precede a abertura do Mar Vermelho. “Essas sequências são muito esperadas pelo público, por isso investimos tanto (as cenas que estão sendo pós-produzidas em Los Angeles vão custar cerca de 9 milhões de dólares cada uma). Pela curva que se desenha, a expectativa é que a novela alcance 20 pontos de ibope. Esperava parte desse sucesso, mas o que vem acontecendo superou as minhas expectativas”, confidencia Avancini.
As dez pragas do Egito
1. Águas do Rio Nilo tingem-se de sangue
2. Rãs cobrem a Terra
3. Piolhos atormentam homens e animais
4. Moscas escurecem o ator e atormentam homens e animais
5. Uma peste atinge os animais
6. Sarna provoca úlceras na pele
7. Chuva de granizo e fogo
8. Nuvem de gafanhotos ataca plantações
9. Trevas — Escuridão encobre o sol por três dias
10. Morte dos primogênitos
O Dia

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